terça-feira, 9 de dezembro de 2014

DJ QUE É DJ... E a Discussão, Não Para!


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Outro dia, o canal DJ SOUNDS SHOW levou o lendário DJ brasileiro MARKY pra uma entrevista e, claro, uma apresentação. Confesso que o Drum N' Bass, estilo que o DJ Brazuca toca, não é minha praia mas, a apresentação do cara foi impecável! Dá uma olhada, assista AQUI!

Acontece que, a postagem do vídeo no perfil do Facebook de um conhecido meu acabou gerando um debate que me deixou boquiaberto com o conteúdo. Pra entender melhor, aqui vai um resuminho do que algumas opiniões expressavam: 

"Usar toca-discos nos dias de hoje (Dezembro de 2014, quase 2015) é totalmente inaceitável, haja visto que, com a modernidade, todo mundo tem de usar máquinas como o CDJ, já que é preciso acompanhar a evolução"

"Usar toca-discos é puramente por conta do visual"

"Com toda a tecnologia e facilidades que ela disponibiliza, não faz sentido usar toca-discos como uma mera controladora, tipo uma Kombi com folga no volante que você tem de ficar o tempo todo mexendo prá lá e prá cá pra mantê-la em linha reta."

"Usar toca-discos com Serato é a mesma coisa que usar Virtual DJ"

Tendo isso tudo posto à mesa, dá pra ter uma idéia do quão aberta minha boca ficou.
Rivalidades, escolas e pensamentos diferentes fazem parte de qualquer profissão... No universo dos DJs não é diferente... Quando os discos de vinil começaram a dar lugar aos CDs, muitos dos profissionais que discotecavam com discos de 12 polegadas ficaram meio que sem rumo. Eu fui um deles... Quando comecei a usar o CDJ 500 da Pioneer, fiquei "de cara" com a tecnologia e a capacidade daquela máquina, mas, me sentia como se estivesse manobrando uma calculadora esquisita, por sentir falta do tato, do toque no disco.

Mas, é fato: Não se pode parar a tecnologia... Ela é como um TREM, com trilhos e combustível infnitos: ou você embarca, ou sai da frente! 

Mas acontece que o sumiço acelerado dos discos de vinil acabou deixando muitos profissionais da discotecagem fazendo birra, de braços cruzados, recusando-se a migrar pras mídias digitais. Braços tão cruzados que causaram uma dor de cotovelo enorme e acabaram dando à luz a um dos maiores "MI MI MIs" da história da discotecagem, o tal "DJ QUE É DJ, TEM DE TOCAR COM VINIL".





E durante um tempo foi assim: Os que defendiam ferrenhamente que "o título de DJ só tinha validade com o uso de discos de vinil" eram vistos como atrasados e "parados no tempo"... 

Mas, sabe o "TREM DA TECNOLOGIA"? Pois é... Ele tem muitos vagões e passa por muitas estações! E, uma dessas foi a estação DVS - Digital Vinyl System ou Sistema de Vinil Digital que permite manipular arquivos de música através de um disco de vinil, em um toca-discos analógico comum - obviamente, acompanhado de software, devidamente instalado em um computador.

Tá certo, o DVS começou truncado e capenga com o Final Scratch mas, como se sabe, o trenzinho tecnológico é imparável e hoje, com Serato DJ e Traktor o sistema é uma realidade no universo da discotecagem, que vem se fortalecendo à cada dia. O número de DJs utilizando toca-discos aliados à softwares super potentes tem unido a criatividade à alta tecnologia, e tendo como elo a velha e boa arte da discotecagem...

Assim como os discos... O mundo gira!
E não é que hoje, a história, o mi mi mi, se inverteu?
Atualmente, uma boa parte do pessoal adepto à tecnologia, que até há alguns anos eram tão "pra frentex", parecem ter parado no tempo. Torcem o nariz pra galera que, tirando proveito da tecnologia, mantém viva a arte da discotecagem usando os bons e velhos toca-discos analógicos aliados a softwares e periféricos.

Lá vem o trem! 
Novamente... O Trem da Tecnologia! E ele vem fumegante, imponente e, à toda! 
Tanto que até o CD já está sendo considerado ultrapassado... Escrevi sobre isso - dá uma lida AQUI
Pen-drives hoje, carregam muito mais músicas que um CD e, as linhas de CD players mais modernos da Pioneer (dominante no mercado), já vem com o sistema REKORDBOX, uma espécia de Serato / Traktor particular, integrado pra toda a linha de CDJs e controladoras da marca.

Estou na estrada, profissionalmente, desde 1991 e, de todas as discussões que já vi no mundo da discotecagem, sem dúvida, essa aversão ao uso de toca-discos é a mais burra e antiquada de todas. 

Afinal, o começo da conversa, lá atrás, quando o disco de vinil saiu de cena, não era de que a gente tinha de evoluir, que tínhamos de acompanhar a tecnologia? E se um toca-discos pode andar lado a lado com a tecnologia mais recente... Qual o problema? Onde está o atraso nisso?

Então... 
A tecnologia que hoje permite carregar uma biblioteca musical inteira dentro de um pen-drive minúsculo, e ainda turbinado com um software feito o REKORDBOX; a tecnologia que criou máquinas de precisão cirúrgica como CDJ 2000 NEXUS e, mais recentemente, o XDJ 1000; a tecnologia que livrou DJs do mundo inteiro de cases pesados com mil CDs ou centenas de bolachões de vinil; a tecnologia que permite fazer mil manobras, cortes e edições ao vivo em CD players sem sair do beat... Essa é a mesma tecnologia que possibilita o uso de um toca-discos nos dias de hoje.




Sim, eu sei: Há coisas que se faz com um CDJ 2000 top de linha, que não se pode fazer num toca-discos, mesmo que turbinado por um software. Mas, essa máxima vale pro caminho inverso: Há coisas que só se consegue com um toca-discos... É fato!

Só pra cutucar: É FATO TAMBÉM: Pick Up é Toca-Disco. E ponto!
CDJs são só... CDJs. Dá uma olhada AQUI. (Sorria, mo bem!)

Toca-discos... CDJ... Controladora... São ferramentas, e só!
Cabe à cada DJ escolher como trabalhar e mostrar o melhor resultado na pista / rádio / evento / estúdio... Onde for! Penso que, se um disc-jockey tem a competência de manobrar criativamente um par de toca-discos hoje, aliando tecnologia e qualidade musical ao glamour e beleza dessas máquinas - ainda que analógicas - como se pode taxá-lo de atrasado, retrógrado ou "parado no tempo"? Ele se mostra tão capaz quanto qualquer outro de se manter atualizado. Ainda mais que, no final, o resultado, o que sai nas caixas de som é praticamente o mesmo, seja com CDJs ou com Toca-Discos. 





Não ignore o marketing, veja além da mídia!
Alguns profissionais da área disparam argumentos desse naipe: 

"ah, mas os TOP DJs só aparecem usando toca-discos em vídeos muito antigos... Hoje em dia eles só usam CDJ com pen-drive"

"nos grandes festivais não se vê os DJs usando toca-discos"

"até o Fatboy Slim, que sempre tocou com toca-discos, agora usa CDJ"

... e por aí vai.

E por isso, vos digo: Abram os olhos! 
Afinal, será que TOP DJ é só David Guetta, Hardwell, Laidback Luke, Afrojack (...)? São excelentes profissionais em um determinado nicho de mercado mas, lembre-se: o mundo da discotecagem não é feito só de EDM. Existem muitos profissionais da cabine, tão famosos e importantes para profissão quanto os 15 ou 20 nomes que circulam corriqueiramente nas rádios, ou no beatport. Informe-se! Amplie os horizontes, leia!

Outro detalhe é que grandes festivais, bem como profissionais de destaque - Fatboy Slim, por exemplo - são alvo de grandes marcas para efeitos de marketing / patrocínio. A Pioneer - líder de mercado - tem muito interesse que sua marca apareça em grandes festivais, e nas mãos de DJs famosos. Isso vende! Srá que o Fatboy não está ganhando "um por fora" pra aparecer usando CDJs? Até a Xuxa, a eterna loira, pintou o cabelo de preto... Foi só a marca da tintura pagar o preço certo!

Nos anos 90, quando se assistiam os campeonatos de DJ do DMC, todo mundo sabia que o melhor toca-discos era Technics, afinal, a marca patrocinava o evento...

Hoje, toda a molecada que quer ser disc-jockey, vê os CDJs nas mãos dos DJs e, automaticamente, faz a ligação daquelas máquinas (e invariavelmente, daquela marca) com a profissão. Essa é uma das razões pra só se ver "CDJs" (e da Paioneer) nas cabines de grandes festivais... Marketing. E dos bons!

Deixo aqui um pensamento pra galera refletir: 
É a Pioneer a líder de mercado. É a Pioneer que aparece nos principais festivais envolvendo DJs. Ok? E toda a linha recente da Pioneer dispõe do sistema Rekordbox. Ok... 
Agora, se a maioria dos DJs dos festivais mais badalados não faz nada mais que passar de uma música pra outra, e se as "manobras" e mixagens desses DJs nesses festivais não dependem do tipo de CDJ que se usa... Se tudo o que precisam é ter sua biblioteca musical organizada e planilhada pelo sistema Rekordbox...
Por que nos festivais não vemos CDJs 850, 350 ou mesmo controladoras de menor porte da própria Pioneer? Por que são sempre as máquinas top de linha que aparecem?

Tire suas próprias conclusões... 

Mas não esqueça de que tudo isso acontece de acordo com o universo que se observa: a EDM. 
Tem por aí ainda a cena Techno, Drum N' Bass, Hip Hop... às quais a figura do DJ está diretamente ligada e, daí, as ferramentas de trabalho são bem diferentes.







Abraço a todos os DJs... 
De toca-discos ou não!

Stop.
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Um comentário:

Junior Antonini disse...

Sinixtro! Falou e disse!