quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

MÚSICA ELETRÔNICA, EDM E A MODINHA


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Fala raça! Aqui vou eu em mais uma metralhação literária... Bóra tomar um tiro?


Se você já me conhece, se já zapeou pela minha FanPage no Facebook ou aqui pelo meu site, deve estar ligado que eu não pago pau pro universo da EDM. Por N razões... Porque a EDM - embora em destaque - não é significado singular de música eletrônica; porque a EDM é uma vertente e não o conjunto maior das músicas produzidas digitalmente; porque seus ídolos são fabricados e, embora competentes na vendagem do seu produto, o reflexo desses ídolos tem sido muito prejudicial à profissão de DJ.

Steve Aoki... Tido como top dj da EDM.
Ápice de suas apresentações: atirar bolos no público.


Volta e meia esbarro em conversas sobre a EDM e seus arredores - creio que isso deva acontecer também com muitos dos que estão lendo isso agora. Tem hora que parece que tudo o que existe no universo da música eletrônica é EDM, não é?

Quem tá na linha de frente da cena sabe que a mídia massifica a Electronic Dance Music porque é o que está dando grana, é o que está vendendo bem! Normal... Isso é comportamento básico de mercado. Agora, se algo "está vendendo" ou se popularizou, é porque tem alguém (ou muitos alguéns) comprando, consumindo. Certo? E por que tem tanto público consumidor pra EDM?

Pausa dramática...

Quem curte muito, quem é apaixonado pela EDM, quem acha que este estilo é o supra-sumo das batidas eletrônicas vai dizer: Tem um monte de gente curtindo EDM e ela se popularizou poque é boa!
Ok! Mas se é correto afirmar que tudo que se populariza, que se massifica; que "o que todo mundo gosta" é BOM, vale lembrar que um dos ritmos mais populares (consumidos) no  Brasil hoje é o Funk Carioca...
Se você não conseguiu entender, a mensagem é:
Nem tudo que é massificado ou popular; nem tudo que a maioria gosta / quer / faz é bom! 
Assinam embaixo dessa máxima, todos que não fazem parte da maioria que votou na presidente Dilma Roussef!

Pode ser uma questão de gosto, de preferência de cada um. A galera da Eletrônica não gosta do Funk (às vezes até gosta). O povo do Funk não gosta de Sertanejo... Falamos daí de universos diferentes. Mas, o que dizer quando pessoas participantes de um mesmo grupo (como no caso, da Música Eletrônica) estão em desacordo sobre determinado ponto, no caso, a EDM?

Leio blogs, páginas de facebook e sites envolvendo a figura do DJ de toda a parte do globo. Vejo produtores, apaixonados por música eletrônica e DJs do mundo inteiro falando e argumentando solidamente sobre os problemas, defeitos, vícios, distorções, mentiras e conflitos gerados pela EDM. Mas então, como que ainda assim há tanto consumo pra esse produto?

A resposta é que a maioria dos consumidores da Música Eletrônica não são experts em música e/ou produção musical. Na real, nem precisam ser. A EDM cresceu, virou modismo e a rapazeada só quer estar na vibe, seguir a modinha, curtir... Ninguém tem obrigação de ser expert em produção musical e discotecagem pra gostar de determinado rítmo, e ponto final. Existem muitos aspectos sobre a questão producional da EDM  mas, esse assunto eu abordei em outro texto. Quer ler? Clica aqui!

Enfim, comecei a olhar pra esse fenômeno do "espalhamento da Música Eletrônica Farofinha" com olhos menos críticos há umas semanas (logo no início de 2015) quando resolvi assistir pela NETFLIX uma série sobre a vida de Bruce Lee, chamada Bruce Lee - A Lenda.

A produção é tosca e, mesmo com os mais de 7 milhões de dólares de orçamento, beira a fronteira do amadorismo. Boa parte da narrativa ocorre do final dos anos 50 até início dos 70, mas, os cenários são quase que todos conteporâneos. A série comete gafes infantis, como quando Bruce Lee está circulando pelas ruas dos Estados Unidos num taxi anos 60, mas nas ruas pode-se ver pick-ups e SUVs super modernos. Ou quando, em determinado momento, na China do final dos anos 60, pode-se ver um dos personagens usando uma camiseta com uma estampa moderninha, escrita "Justin Timberlake" (nascido em 1981)...

Na China dos anos 60, uma camiseta com a estampa Justin Timberlake.


Ah, Pido... Que mluquice! Como que o fato de assistir à uma série de TV sobre artes marciais foi te dar uma luz sobre o que acontece com o mercado da música eletrônica?
A resposta é simples: Quando analiso, ouço, comento, debocho, rio, critico, bombardeio (...) a EDM, utilizo como munição minha bagagem e experiência dentro do universo da profissão de DJ e da Música Eletrônica como um todo. Mas, assistindo à série de TV, eu estava na posição de mero espectador / consumidor de conteúdo. Sem julgamentos, sem críticas... Apenas apreciando algo que me interessava...

Não sou praticante de nenhuma modalidade de luta, não sou fã de MMA ou Boxe e quase sempre levei a pior nas briguinhas de colégio. Mas, me interesso pelos conceitos, filosofias e pela plástica das artes marciais orientais. Tenho um irmão faixa preta de Aikido, com quem gosto de conversar sobre o assunto e, além disso, desde moleque, sou fã de Bruce Lee.

E foi por gostar, por simpatizar com o universo das artes marciais que eu resolvi ignorar a pobreza producional da série de TV e assistir a todos os 50 capítulos sobre a vida de Bruce Lee. Imagino que seja esta a maré que conduz o raciocínio do público que curte EDM: Só curtição pura e simples, sem compromisso com qualquer detalhe que envolva a produção das músicas e o histórico ou desempenho dos artistas. O público não quer saber se eles são ou não realmente DJs; se estão ou não utilizando sets pré-gravados ou se as faixas tem ou não musicalidade...
O público só quer saber da festa, das luzese da zuêra que vem com isso tudo... Como eu disse antes: é só pra curtir...

Costumo parar de ver filmes que considero "uma porcaria"... Dou o stop no ato! Mas, quando decidi assistir ao seriado, mesmo fazendo críticas e tendo notado as gafes na produção, fui até o fim, porque eu estava curtindo. Imagino que se eu for comentar sobre o seriado com diretores ou estudantes de cinema, especialistas na arte cinematográfica ou até mesmo com cinéfilos puristas, eles irão torcer o nariz e bombardear a série sobre Bruce Lee com críticas massivas da mesma forma que a EDM é criticada por um enorme número de DJs, produtores e participantes da Música Eletrônica, que veem o universo da Dance Music e as adjacências da cabine do DJ de maneira mais abrangente.

E no caminho inverso, certamente, para algumas pessoas, a série de TV sobre Bruce Lee seja vista como impecável. E creio que isso valha pra EDM e seu público ferrenho também... Já ouvi comentários do tipo "a música do Martin Garrix parece feita com aqueles xilofones coloridos que eu tinha quando era criança, mas é muito massa!". Ou seja, o cara ligado que a qualidade producional da faixa é medíocre, mas ele não tá nem aí pra isso. O que vale é que a galera toda curtindo e...
É massa!




Não sou fanboy nem tão pouco entusiasta da EDM. Deu pra sacar né...  Tenho este estilo no meu repertório? Sim, claro! Ainda mais que meus sets tem base mainstream e, se como dizem por aí, "é o que tão se ouvindo"...
Mas, procuro levar nos meus sets muito material além dos muros da EDM.

E continuo na esperança de que a Música Eletrônica que chega ao grande público pode  - e será - muito melhor.

Stop.
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3 comentários:

Anônimo disse...

Cara, isso é a pura verdade!! A analogia está certíssima. Comecei a ouvir EDM a pouco tempo e gostei. Não entendo nada da produção e comecei a pesquisar e percebi que existem muitas criticas a respeito. Mas, como disse, não entendo nada então é tudo igual pra mim. Pode me indicar algo ou alguem na musica eletronica que me faça ter essa percepção? PS: Adorei o Martin Garrix :)

DJ Pido disse...

Mano... Na real, as músicas, os estilos seguem "marés" de estilos parecidos de quando em quando. O lance na EDM é que, além dos timbres (teclados, sons) muito parecidos (seguindo a tendência) as faixas tem praticamente a mesma construção (introdução + parada calma + drop + parada calma + drop + final). Essa é a mesmice que mais me incomoda...

Quanto a outros estilos...
Procura em lojas de áudio virtuais (juno.co.uk ou o próprio beatport) por outros estilos que não seja a EDM. Procura por House Music pura e simples ou por Chicago House / Speed Garage... Vais perceber um novo universo da música eletrônica!

Abração e... Valeu por ler e comentar!

Kalydra disse...

Astrix